O
bairro da Liberdade é o bairro mais populoso de Salvador. Teve sua origem
quando na antiga Estrada das Boiadas, onde era passagem de bois que vinham do
sertão para ser comercializados na antiga feira de Capuame, até que em 1823
passou por ali o exercito libertador e então foi chamado de Liberdade. O bairro
representativo da cultura negra e foi considerado pelo Ministério da Cultura
como território nacional de cultura afro- brasileira. Após a abolição da
escravatura os negros libertos e ex-escravos povoaram o local.
O
bairro possui carnaval que começou com a batucada e afoxés, que era formado por
homens que iam de casa em casa cantando fantasiados. O primeiro bloco foi A Viuvinha,
posteriormente novos blocos surgiram. O bairro possui também igrejas, rádio,
jornal, praças (Praça Nelson Mandela, Largo da Central, Largo do Tanque). O
bairro possui um plano Inclinado como transporte local, este liga o bairro da
Liberdade ao bairro da Calçada, foi inaugurado em 13 de março de 1981. Antes da
existência do plano Inclinado existia uma ladeira no local chamada de “Ladeira
do Inferno” com a qual as pessoas usavam para chegar a Calçada. De segunda a
sexta, muitas pessoas utilizam- o como transporte. O bairro já teve um cinema
(Cine Brasil) que teve momentos de glória até 1979, quando teve uma crise no
cinema baiano e então foi fechado na década de 70. Após mobilização da
população e apoio da rádio Comunitária Serviço de som da Liberdade e do diretor
do Colégio Caxiense o espaço atualmente é usado como espaço cultural de
utilidade pública.
Este
texto é útil para a visão dos profissionais de saúde que trabalhem no local e
prestem assistência a estas pessoas, pois o ser humano é o que ele construiu de
identidade, personalidade. E sendo a Saúde não só a ausência de doença e,
portanto possui fatores determinantes como: moradia, condições sócio
econômicas, com a qual pode interferir no processo saúde doença. Desta forma a
pessoa deixa de ser vista como um portador de doença e passa a ser olhada como
um produto do meio em que vive. Assim como poderemos atender os usuários do
serviço de saúde do bairro da Liberdade sem levar em conta todo seu processo
histórico e cultural. Os descendentes das pessoas que moram ali em sua maioria
são ex-escravos, são negros, e, portanto possui toda uma discriminação, toda
uma marginalização por parte da sociedade para com eles. Mas sim e o que isso
tem a ver com saúde? Tem que esta população de negros em sua maioria teve
acesso à informação tardiamente, teve acesso a saúde tardiamente, teve acesso a
educação tardiamente o que influi em muitas coisas principalmente pelo fato de
que informação também é saúde. Como fazer o autocuidado se é desconhecido como
se faz? Como me prevenir de doenças e agravos se desconheço a prevenção?
Portanto ao assistir um usuário do bairro da Liberdade vamos enxergar nele toda
a sua história de vida. Fugindo do campo cultural e social e indo para o campo
da saúde propriamente dito, lembremos que a raça negra possui fator de risco
para a anemia falciforme e hipertensão arterial. Portanto independente de cor,
raça, cultura vamos ter o olhar não só de enxergar o que as pessoas têm e sim o
que elas são.
Autora: Thais Ribeiro
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